História de Vila Prudente
Fábrica de Chocolates Falchi: a primeira indústria de Vila Prudente (1897)
Acervo do Colégio João XXIII
No dia 7 de outubro de 1890, o jornal O Estado de S. Paulo publicava o nascimento da Vila Prudente em uma pequena nota que afirmava: “Nesta capital foi constituída uma empresa que adquiriu terras entre São Caetano e Mooca, com o fim de estabelecer uma vila que terá o nome encima citado nesta notícia (Vila Prudente), em homenagem ao governador do Estado, dr. Prudente de Moraes”.
Mapa antigo de Villa Prudente, grafado ainda com dois “eles”, que mostra os primeiros proprietários dos lotes vendidos pelos irmãos Falchi no loteamento em 1890
Acervo do Colégio João XXIII
Poucos sabem, mas os distritos que formam a Subprefeitura Vila Prudente/Sapopemba são tão populosos quanto algumas importantes cidades do estado de São Paulo.
São áreas de grandes contrastes, parte delas desenvolvidas, outras com problemas típicos de uma grande metrópole, como falta de verde, favelas (uma delas entre as maiores da cidade), ruas de terra, e o descaso do poder público em gestões anteriores que acabaram por quase desfigurar a região, a segunda mais populosa, com 523.676 habitantes, de acordo com o Censo de 2002 – atrás apenas da regional de Capela do Socorro, numa área total de 33,3 km².
Hoje, com a vinda do metrô, depois de longa espera, e da chegada do Monotrilho Leste, terá uma importância fundamental para o desenvolvimento da região, beneficiando dezenas de comerciantes e melhorando a qualidade do transporte da população por reduzir consideravelmente o tempo de viagem. O ramal Vila Prudente do Monotrilho Leste tem previsão de entrega em 2013.
Assim como outros bairros próximos, a Vila Prudente vai tomando aos poucos um novo fôlego para receber novos empreendimentos, e discute, através de suas lideranças, o que fazer com grandes vazios deixados pela saída de fábricas, a exemplo da Ford, que por muitos anos esteve ali presente, agora abrigando um Shopping Center, e da Linhas Corrente, adquirida por um grupo supermercadista.
De terras de pasto a centro urbano
Em 1829, o comerciante João Pedroso, dono de extensas áreas de Vila Prudente, utilizava as terras para pastos e cultivo de frutas. O terreno do comerciante correspondia às áreas conhecidas hoje como Vila Ema, Vila Diva, Vila Guarani, Vila Zelina, Vila Bela, Jardim Independência, Vila Alpina, Parque São Lucas, Parque Santa Madalena, Fazenda da Juta, Vila Industrial e Jardim Guairaca. Após a morte do comerciante, o herdeiro Antônio Pedroso, e sua esposa Martinha Maria, passaram a administrar as terras do pai.
Em 1870, pouco mais da metade do que é hoje a Vila Prudente, Mooca e Belenzinho, pertenciam a Martinha Maria, já viúva na época. Vinte anos depois, ela venderia suas terras – conhecidas como Campo Grande – a três irmãos, imigrantes italianos, que transformariam o grande terreno em uma próspera vila industrial, a Fábrica de Chocolates e Confeitos Falchi, com loteamentos para moradia de operários.
A fundação de Vila Prudente acontece em 4 de outubro de 1890. Foi neste ano que os irmãos Emídio, Panfílio e Bernardino Falchi, com auxílio do financista Serafim Corso, compraram a gleba de terra dos Pedroso e instalaram a primeira indústria da região, a Fábrica de Chocolates Falchi. Os Falchi tinham a pretensão de lotear e realizar outros negócios no grande terreno adquirido.
Assim, fundaram a Vila Prudente, novo bairro da zona Leste de São Paulo. A princípio o empreendimento dos três irmãos parecia uma investida audaciosa demais numa região com pouca mão-de-obra. Mas os Falchi não erraram ao investir na região.
O operariado da fábrica de chocolates foi constituído basicamente de imigrantes italianos, que vieram das regiões da Mooca, Ipiranga e Brás. Além disso, os irmãos promoviam mutirões para construção de moradias operárias no entorno da fábrica. Emprego e moradia, essa combinação fez com que se iniciasse um processo acelerado de povoamento da Vila Prudente.
A fábrica dos Falchi impulsionou o desenvolvimento industrial e comercial da região. No início do século XX, depois da fábrica de chocolates, vieram outras importantes indústrias, como a Cerâmica Vila Prudente, a Indústria de Louças Zappi, a Manufatura de Chapéus Oriente e a Fábrica Paulista de Papel e Papelão. De uma região quase deserta do final do século XIX, a Vila Prudente se transformava em uma grande vila fabril.
O então Presidente do Brasil, Prudente de Moraes, prestou apoio direto à iniciativa dos Falchi, e acabou sendo homenageado por eles que batizaram o nascente distrito de “Vila Prudente de Moraes”.
Com a implantação de indústrias de papelão, cerâmica, louças e tecelagem, o sistema de transporte evoluiu, através dos ônibus e bondes, assim como os recursos de lazer.
Em 1923, Vila Prudente ganha autonomia política, pois até então era subordinada ao Ipiranga. Paralelamente ao desenvolvimento dos bairros, vão surgindo também os problemas característicos das grandes metrópoles, como a formação da Favela de Vila Prudente, em 1940, composta basicamente por migrantes e trabalhadores da construção civil.
Com a inauguração da então Administração Regional de Vila Prudente (AR/VP), em 1973, o acesso dos moradores locais ao poder público municipal fica facilitado.
Texto: Elizabeth Florido – assessora de Imprensa da Subprefeitura de Vila Prudente / Sapopemba, com pesquisa de Thais Ernandes Gonçalves e Rodrigo Gomes de Carvalho – estagiários
Fontes de consulta:
– O bairro de Vila Prudente – “O gigante paulistano” – Sua história, sua gente – de Mário Ronco Filho e Gilberto Mauerberg
– Arquivo de jornais da Folha de V. Prudente
– São Paulo, uma cidade em transformação – Secretaria de Coordenação das Subprefeituras